Projetos de pesquisa

Laboratório de Sistemática e Diversidade (LSD)
L501 - Bloco A, torre 3
Centro de Ciências Naturais e Humanas
Universidade Federal do ABC - câmpus Santo André

Projetos:

1) Sistemática e Biogeografia de Diptera e coevolução com outros organismos, com ênfase na infraordem Tabanomorpha
Os estudos clássicos em entomologia geralmente cobrem apenas elementos de taxonomia ou sistemática relacionados à descrição de espécies e estabelecimento de suas relações filogenéticas. A presente proposta adiciona a essa perspectiva tradicional elementos mais abrangentes que tangem a reconstrução de padrões de distribuição geográfica de grupos de insetos e a sua evolução conjunta com outros organismos. Encontrar congruências é o principal objetivo do trabalho biogeográfico, o que torna imprescindível a comparação de padrões de distribuição de diferentes grupos taxonômicos. Um padrão biogeográfico é a fusão de filogenias, definição de áreas de endemismo, delimitação das relações entre essas áreas, explicações dos seus processos e mecanismos causais, e padrões geológicos. Nesse sentido, a procura pela congruência, nas várias etapas da análise biogeográfica, é essencial para que as reconstruções propostas pela biogeografia constituam descrições robustas de como a vida muda no tempo e no espaço. Do ponto de vista sistemático, a utilização de dados de diferentes naturezas, como morfológicos e moleculares e de indivíduos adultos e imaturos, é extremamente importante. Para estudos de coevolução, é de especial interesse a investigação das relações entre insetos e plantas e da relação parasita-hospedeiro envolvendo os insetos e outros grupos taxonômicos, incluindo aí também micro-organismos (tais como vetores de doenças) e vertebrados. Historicamente, estudos na ordem Diptera têm sido especialmente relevantes para o desenvolvimento da biologia evolutiva em áreas distintas como sistemática, biogeografia, genética, biologia molecular e biologia do desenvolvimento. Dentre os grupos de Diptera, vários se destacam pela sua enorme diversidade e grande potencial para estudos em biologia comparada. No entanto, muitos dos subgrupos dentro dessa ordem são pouco conhecidos. Entre eles, destacamos neste projeto a infraordem Tabanomorpha. Os objetivos derais desta linha de pesquisa dividem-se em questões biogeográficas, voltadas à compreensão da evolução da infraordem no seu componente espacial e à definição de estratégias metodológicas para estudos de biogeografia, e (2) questões relativas à diversidade filogenética. Os objetivos específicos são os de executar uma análise biogeográfica dos Tabanomorpha, a partir de métodos de biogeografia cladística e dos conceitos de iluminação recíproca e consiliência biogeográfica, e utilizar medidas de diversidade filogenética a partir de dados sistemáticos e biogeográficos de Tabanomorpha, discutindo­os para a sua utilização no estabelecimento de áreas de conservação na região Neotropical.

2) Síntese Estendida da Evolução para a compreensão da diversificação biológica
O objetivo geral deste projeto é discutir a necessidade da expansão da Teoria Sintética da Evolução tanto em termos filosóficos quanto empíricos/observacionais, com base em uma perspectiva hierárquica da natureza fornecida pela Sistemática Filogenética. Temas como epigenética, plasticidade fenotípica, auto-organização e simbiogênese serão abordados e explorados à luz do método de reconstrução de relações de parentesco hennigiano e da Biogeografia Histórica. Como objetivos específicos, deverão ser discutidas a importância da seleção natural na Teoria Evolutiva e também outras de hipóteses que transcendam o mero selecionismo, como a auto-organização, que tem importantes ramificações para a compreensão não só da evolução das espécies na Terra, mas também para uma definição universal de vida e para compreender como ela se originou. Serão examinados modelos não-graduais de especiação, dos quais eventos de simbiogênese são um exemplo claro. Outro dos objetivos específicos é o de investigar o papel dos mecanismos de herança epigenética na evolução dos três super-domínios da vida, enfatizando, aqui, o seu papel na variablidade animal. Uma expansão conceitual que incorpore as descobertas e desenvolvimentos da biologia e de áreas correlatas na última metade do século XX é inevitável se o objetivo da teoria evolutiva continuar sendo o de descrever, da forma mais precisa possível, padrões e processos históricos que deram origem a diversidade biológica existente no nosso planeta (ou até mesmo fora da Terra). A Teoria Evolutiva do século XXI deve ser tanto uma teoria de genes quanto de formas, e não apenas um conjunto de propostas genecentrista como a Teoria Sintética. Uma nova perspectiva para o estudo da evolução e da organização biológica pode ser capaz de oferecer uma visão mais completa da diversificação da vida. Os resultados deste projeto serão também utilizados na construção de estratégias voltadas para a educação científica e para o ensino de evolução de forma mais robusta.

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